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Este texto não pretende apresentar uma análise histórica e conceptual exaustiva sobre homeopatia, mas contribuir para a clarificação de mal entendidos apontando alguns recursos que facilitem o aprofundamento do tema.
Homeopatia – o que é?
O médico Samuel Hahnemann em 1796 propôs o princípio: similia similibus curantur, ou seja, o semelhante pelo semelhante se cura. Assim, o tratamento ocorreria a partir da diluição e dinamização de uma substância que produz o sintoma num indivíduo saudável. O alegado medicamento homeopático consiste em doses extremamente diluídas de compostos que são considerados causas em pessoas saudáveis dos sintomas que pretendem contrariar, mas alegadamente potencializados através de técnicas aperfeiçoadas pela homeopatia que libertam energia (diluição, dinamização e sucussão). Esta perspectiva homeopática tem sido considerada, do ponto de vista das leis da física e da química, implausível (não credível). Por outro lado, o impacto que a crença num efeito terapêutico pode ter na melhoria sintomática é cada vez melhor compreendido e está descrito como efeito placebo.
Homeopatia – funciona?
De acordo com a evidência científica existente os medicamentos homeopáticos não são mais eficazes que o efeito placebo e o seu mecanismo de funcionamento é considerado implausível. Algumas revisões recentes, na Austrália e em França dão conta disso.
A homeopatia surgiu num período muito particular do desenvolvimento da medicina científica moderna. O conhecimento da época sobre as doenças e sobre vários tratamentos possíveis era substancialmente diferente do que existe hoje. A abordagem não invasiva e a atenção dada ao paciente colocaram a homeopatia num percurso de relativo sucesso, no século XIX, quando comparado com:
“medical treatment was to a large extent crude and ineffective, consisting largely of potentially dangerous polypharmacy, purging, and profuse blood-letting.” Loudon, I (2006)
Os (ditos) medicamentos homeopáticos ganharam espaço no mercado da saúde porque surgiram numa época em que não havia grandes alternativas nem o escrutínio científico atual sobre eficácia de tratamentos e permanecem como medicamentos não sujeitos a receita médica. Contudo, apesar da magnitude da indústria homeopática, o seu uso tem gradualmente deixado de ser recomendado e comparticipado.
Não vou esmiuçar o alegado caso de sucesso da homeopatia na Covid-19 no Brasil em Itajaí porque isso já foi relativamente bem feito na www.revistaquestaodeciencia.com.br.
Homeopatia – é perigoso?
Pode ser se afastar doentes graves de tratamentos comprovadamente eficazes. Esse é o seu maior perigo. De modo geral, os alegados medicamentos homeopáticos são seguros, contudo a relutância em obter tratamento médico convencional, preferindo a homeopatia, pode conduzir a complicações e até mortes. A página whatstheharm.net procura compilar relatos de casos de dano, contudo alguns links estão desatualizados.
- Em resumo: Medicamentos homeopáticos são seguros, mas não funcionam melhor do que o efeito placebo e quando as pessoas estão gravemente doentes se procuram ajuda apenas neste tipo de solução correm sérios riscos.