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As redes sociais estão hoje animadas com a partilha da peça do Expresso O WhatsApp é a nova arma dos pais (e está a agitar as escolas). As discussões revelam como é difícil ser Escola em Portugal. Realmente, ora os pais não se interessam e não participam do projeto educativo escolar ou agitam demasiado. Um fenómeno parecido ocorre nas Unidades de Saúde. Ora os utentes não colaboram e não cuidam da sua saúde ou agitam demasiado. Temos uma tendência para analisar, quase tudo, em extremos ou é impressão minha?

Curioso como, perante estas situações de agitação excessiva, continuamos a falar de autoridade e não de responsabilidade e de prestação de contas de todas as partes envolvidas. Realmente, ainda é difícil ser Escola, ou Unidade de Saúde, em Portugal. Somos uma nação velha, com velhos hábitos, mas com algumas estruturas sociais (Escolas, Universidades, Unidades de Saúde) muito novas. E quando novas realidades, como a pandemia e os grupos de WhatsApp, lhes suscitam novos desafios facilmente caímos nos clichés da “autoridade” e do “respeitinho é muito bonito”.

Pais deixem as escolas em paz. Trabalho há vários anos em Universidades e sempre o disse – isto funcionava muito melhor sem alunos! O que atrapalha, às vezes, nas Universidades são os alunos. Sem eles tínhamos mais tempo para fazer os todos os relatórios, publicar artigos científicos e assistir a todas as reuniões como nos pedem. Possivelmente nas Escolas aconteceria o mesmo, mas se ao menos os pais não agitassem, a coisa ia melhor. Isto de ter de lidar com pais que agitam é uma maçada. Dá trabalho. Como se as Escolas já não tivessem trabalho suficiente!

Tristemente, fomos dos últimos Europeus a massificar o acesso à Escola e à Universidade – foi na passada década de 90. Como revelam as estatísticas oficiais, Portugal apenas superou a barreira dos 95% da população acima dos 14 anos a saber ler e escrever em 2013. Uns quantos países da América Latina chegaram lá, e bem, antes de nós. Ainda estamos a aprender a Ser. A Ser Escola.

Lamento, mas Ser Escola não se resume a professores a exercer a sua autoridade pedagógica fechados numa sala de aula com alunos. Bem vindos ao século XXI.