Etiquetas
O início de 2021 foi marcado pela rápida ascensão da 3ª vaga (ou, como apontam alguns especialistas, resurgimento da 2ª) durante o mês de janeiro e pela diminuição de casos em fevereiro. A 4ª vaga surgiu em julho e a 5ª começou em novembro. O impacto do surgimento da variante Ómicron é patente na segunda quinzena do mês de dezembro. Temos, atualmente, cerca de 4 vezes mais casos do que há um ano.

A evolução das hospitalizações acompanhou a progressão do número de casos. Em janeiro atingiu o número crítico máximo de 6680 (média de 7 dias) pessoas internadas. Contudo, desde a segunda quinzena de março nunca superou o máximo de hospitalizações da 1ª vaga (média a 7 dias de: 1242) ficando sempre abaixo de 1000 pessoas internadas. Temos, atualmente, cerca de 3 vezes menos hospitalizações do que há um ano.

Infelizmente, a 1 de fevereiro registou-se o número, médio a 7 dias, de 291 óbitos. Temos, atualmente, cerca de 4,75 vezes menos óbitos do que há um ano.

O que aconteceu em 2021? Vacinamos cerca de 90% da população portuguesa.

Então, e a Ómicron? Será cedo para avaliar o impacto que terá na nossa população?
A prudência sugere que aguardemos mais uns dias. No entanto, este é o momento para desenvolver um plano de mudança de estratégia de gestão da Covid-19. Isto não significa que a pandemia terminou, até porque “pandemia” é um fenómeno mundial, mas que a Ómicron é uma variante que veio alterar a sua dinâmica; o que requer uma nova estratégia.
Caso este padrão de relação entre número de casos / hospitalizações / óbitos se mantenha daqui a quinze dias esperaria o início de uma gestão clínica da doença e não de quadros epidemiológicos, ou seja, seguir e acompanhar os doentes sintomáticos e não os casos positivos asintomáticos.
Mudar de estratégia significa, por exemplo, que os médicos de família devem retomar a sua atividade clínica em pleno, que devem ser revistas as regras de isolamento, que deve ser feita uma alocação de recursos para recuperação de atendimento a casos não-Covid. É chegado o momento de tomar decisões. Espero que a DGS e o Ministério da Saúde já o estejam a fazer.